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A Ipsen lança cabozantinib em Portugal para o tratamento de primeira linha do carcinoma de células renais e do cancro diferenciado da tiroide refratário ao iodo radioativo
- A aprovação concedida pelo Ministério da Saúde contempla o tratamento do carcinoma de células renais em combinação, enquanto, para o cancro diferenciado da tiroide, a autorização é para monoterapia.
- As aprovações basearam-se nos resultados de dois ensaios clínicos de fase III: CHECKMATE-9ER, no qual cabozantinib em combinação com nivolumab, duplicou a mediana da sobrevivência livre de progressão e melhorou significativamente a sobrevivência global, e COSMIC-311, no qual cabozantinib demonstrou uma redução de 78 % no risco de progressão do cancro diferenciado da tiroide ou morte, em comparação com placebo.
- Estas novas indicações representam um avanço significativo para os doentes, e reforçam o compromisso da Ipsen com a inovação médica no campo da oncologia.
Lisboa, 8 de julho de 2025 – A Ipsen, empresa biofarmacêutica global focada na inovação e cuidados especializados, recebeu aprovação de financiamento do Ministério da Saúde para cabozantinib para o tratamento de primeira linha do carcinoma de células renais avançado (CCRa) com histologia de células claras e para o cancro diferenciado da tiroide (CDT) localmente avançado ou metastático, refratário ou não elegível para iodo radioativo, que tenha progredido durante ou após terapêutica sistémica prévia. A aprovação para o tratamento do CCR foi concedida em combinação com nivolumab, enquanto a autorização para o tratamento do CDT refratário ao iodo radioativo é para monoterapia.
“Estamos muito satisfeitos que o Ministério da Saúde português tenha incorporado o uso de cabozantinib como tratamento em ambas as indicações. Esta autorização representa um avanço muito significativo para estas comunidades de doentes, e reforça o compromisso da Ipsen com a inovação médica no campo da oncologia, especialmente entre os tumores mais complexos e raros”, afirmou Lucía Regadera, diretora Médica e de Assuntos Regulamentares da Ipsen para Espanha e Portugal.
As duas novas aprovações baseiam-se nos resultados de dois ensaios de fase III: CHECKMATE-9ER, para o tratamento do CCRa, e COSMIC-311, para o tratamento do CDT refratário ao iodo radioativo.
No ensaio clínico decisivo de fase III CHECKMATE-9ER, cabozantinib em combinação com nivolumab demonstrou melhorias significativas em todos os critérios de avaliação da eficácia. Nos doentes que receberam a combinação, a mediana da sobrevivência livre de progressão (SLP), o critério de avaliação principal do ensaio, duplicou em comparação com aqueles que receberam apenas sunitinib: 16,4 meses face a 8,3 meses, respetivamente (quociente de risco [QR] [95 % intervalo de confiança (IC)]): 0,58 [0,49-0,70]).(1) A sobrevivência global (SG) também demonstrou melhorias estatisticamente significativas, reduzindo o risco de morte em 21 % em comparação com o sunitinib (QR [95 % IC]: 0,79 [0,65-0,96]) e com uma mediana de SG de 46,5 meses para a combinação face a 35,5 meses para o sunitinib.(1) Além disso, a combinação demonstrou uma taxa de resposta objetiva (TRO) superior, com o dobro de doentes que responderam em comparação com o sunitinib (55,7 % face a 27,4 %) e 13,9 % face a 6,5 % alcançaram uma resposta completa, respetivamente.(1) Os resultados-chave de eficácia foram consistentes nos subgrupos de risco pré-especificados do International Metastatic Renal Cell Carcinoma Database Consortium (IMDC) e PDL1.(1) A combinação foi bem tolerada e refletiu os perfis de segurança conhecidos da imunoterapia e dos inibidores da tirosina quinase em CCRa.(1) Além disso, dados adicionais do ensaio destacaram uma eficácia superior sustentada da combinação em comparação com o sunitinib para o tratamento de primeira linha do CCRa com uma mediana de seguimento de 23,5 meses, bem como dados que sugerem resultados significativamente melhores em termos de qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS) para a combinação, em comparação com o sunitinib.(2,3) Esses dados de QVRS, também incluídos numa publicação no New England Journal of Medicine,(4) mostram que a combinação foi associada a uma menor carga do tratamento, uma diminuição no risco de deterioração confirmada na QVRS, e uma redução dos sintomas relacionados com a doença, em comparação com o sunitinib.(3,4)
Por sua vez, o ensaio clínico de fase III, COSMIC-311, que incluiu doentes adultos com CDT localmente avançado ou metastático, refratário ou não elegível para iodo radioativo (RAI), que progrediu durante ou após uma terapêutica sistémica prévia, confirmou numa análise intercalar planeada que o ensaio tinha cumprido o critério de avaliação primário de sobrevivência livre de progressão (SLP), demonstrando uma redução significativa do risco de progressão da doença ou morte em 78% em comparação com placebo (QR: 0,22; IC: 0,13-0,26; p < 0,0001) com uma mediana de seguimento de 6,2 meses.(5) O outro critério de avaliação primário, a taxa de resposta objetiva, também favoreceu cabozantinib com 15 % face a 0 % do placebo (p = 0,028), com uma mediana de seguimento de 8,9 meses, mas não cumpriu os critérios de significância estatística.
No resultado final do ensaio, com uma mediana de seguimento de 10,1 meses, o medicamento continuou a demonstrar uma mediana de SLP superior a 11 meses face a 1,9 meses do placebo, e uma redução mantida do risco de progressão da doença ou morte de 78 % face a placebo (QR 0,22 [96 % IC]: 0,15-0,32; p < 0,0001).
Sobre o carcinoma de células renais
Todos os anos, são diagnosticados mais de 400 000 novos casos de cancro renal em todo o mundo.(6) Desses, o carcinoma de células renais (CCR) é o tipo mais comum de cancro renal e representa aproximadamente 90 % dos casos.(7,8) É duas vezes mais comum nos homens, que representam mais de dois terços das mortes por este tipo de cancro.(6) Se for detetado em fases iniciais, a taxa de sobrevivência aos cinco anos é elevada, mas para os doentes com CCR avançado ou em fases tardias, a taxa de sobrevivência é mais baixa, cerca de 12%, não tendo sido encontrada uma cura para esta doença.(9,10)
Sobre o cancro diferenciado da tiroide refratário ao iodo radioativo (CDT-RAI-R)
Em 2022, foram diagnosticados mais de 821 000 novos casos de cancro da tiroide em todo o mundo.(11) O cancro da tiroide é o nono tipo de cancro mais frequente no mundo e a sua incidência é três vezes maior nas mulheres do que nos homens, representando um em cada vinte cancros diagnosticados.(12) Embora os tumores cancerígenos incluam formas diferenciadas, medulares e anaplásicas, o CDT constitui entre 90% e 95% dos casos.(13,14) Estes incluem o cancro papilar, folicular e de células de Hürthle.(11,12) O CDT é normalmente tratado com cirurgia, seguida de ablação com iodo radioativo para destruir o tecido residual, mas aproximadamente entre 5% e 15% dos casos são resistentes ao tratamento com iodo radioativo.(15) Os doentes que desenvolvem CDT refratário ao tratamento com iodo radioativo têm um prognóstico desfavorável, com uma sobrevivência estimada de três a cinco anos a partir do momento em que as lesões metastáticas são detetadas.(16)
Sobre o ensaio CHECKMATE-9ER
CHECKMATE-9ER é um ensaio clínico de fase III, aberto, randomizado e multicêntrico que avaliou o tratamento de doentes com carcinoma de células renais (CCR) avançado ou metastático não tratado anteriormente. Um total de 651 doentes (23% com risco favorável, 58% com risco intermédio, 20% com risco elevado; 25% PDL1 ≥ 1%) foram randomizados para receber cabozantinib mais nivolumab (n = 323) versus sunitinib (n = 328). O critério de avaliação principal foi a sobrevivência livre de progressão (SLP). Os critérios de avaliação secundários incluíram a sobrevivência global (SG) e a taxa de resposta objetiva (TRO). Na análise principal da eficácia, a combinação foi comparada com sunitinib em todos os doentes randomizados. O promotor do ensaio é a Bristol Myers Squibb e a Ono Pharmaceutical Co, cofinanciado pela Exelixis, Ipsen e Takeda Pharmaceutical Company Limited.
Sobre o ensaio COSMIC-311
COSMIC-311 é um ensaio clínico multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo de fase III, no qual participaram 258 doentes adultos com DTC localmente avançado ou metastático, refratário ou não elegível para iodo radioativo (RAI) que progrediu durante ou após uma terapia sistémica prévia, em 164 centros em todo o mundo.(5,17) Os doentes foram randomizados numa proporção de 2:1 para receber cabozantinib 60 mg ou placebo uma vez por dia.(5) Os critérios de avaliação coprimários foram a sobrevivência livre de progressão na população com intenção de tratar e a taxa de resposta objetiva (TRO) nos primeiros 100 doentes aleatoriamente designados (taxa de resposta objetiva na população com intenção de tratar), ambos avaliados por um comité de radiologia independente e cego. Os objetivos adicionais incluiam segurança, sobrevivência global e qualidade de vida.(5) O ensaio COSMIC-311 é patrocinado pela Exelixis, com cofinanciamento da Ipsen.
Sobre cabozantinib
Cabozantinib é uma pequena molécula que inibe múltiplos recetores de tirosina quinase, entre os quais se encontram VEGFR, MET, RET e a família TAM (TYRO3, MER e AXL).(18) Estes recetores de tirosina quinase participam tanto na função celular normal como em processos patológicos, tais como oncogénese, metástase, angiogénese tumoral (a formação de novos vasos sanguíneos de que os tumores necessitam para crescer), resistência aos medicamentos, modulação da atividade imunitária e manutenção do microambiente tumoral.(8,18-20)
Em 2016, a Exelixis concedeu à Ipsen os direitos exclusivos para a comercialização e desenvolvimento clínico adicional do produto fora dos EUA e do Japão. Em 2017, a Exelixis concedeu os direitos exclusivos à Takeda Pharmaceutical Company Limited (Takeda), para a comercialização e desenvolvimento clínico adicional do medicamento para todas as indicações futuras no Japão. A Exelixis detém os direitos exclusivos para desenvolver e comercializar esta molécula nos EUA.
Em mais de 60 países, além dos EUA e do Japão, incluindo a União Europeia, cabozantinib está atualmente indicado como:(8)
- Em monoterapia para carcinoma de células renais (CCR) avançado:
– como tratamento de primeira linha de doentes adultos, com risco intermédio ou alto.
– em adultos após terapêutica prévia dirigida ao fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). - Em associação com nivolumab, no tratamento de primeira linha de adultos com carcinoma de células renais avançado.
- Monoterapia para o tratamento de doentes adultos com carcinoma diferenciado da tiroide localmente avançado ou metastático, refratários ou não elegíveis para iodo radioativo, que progrediram durante ou após uma terapêutica sistémica prévia.
- Em monoterapia para o tratamento do carcinoma hepatocelular em doentes adultos, previamente tratados com sorafenib.
* A informação completa sobre a utilização deste medicamento encontra-se disponível no Resumo das Características do Medicamento (RCM), aprovado pelo INFARMED.
Para mais informações, consulte: https://extranet.infarmed.pt/INFOMED-fo/
Sobre a Ipsen
A Ipsen é uma empresa bio farmacêutica de média dimensão, centrada em medicamentos inovadores em oncologia, doenças raras e neurociências.
A nossa carteira de produtos é impulsionada pela inovação externa e apoiada por quase 100 anos de experiência em desenvolvimento e pelos nossos centros nos USA, França e Reino Unido. As nossas equipas, presentes em mais de 40 países, e as nossas alianças em todo o mundo permitem-nos disponibilizar medicamentos aos doentes em mais de 100 países.
A Ipsen está cotada na bolsa de Paris (Euronext: IPN) e nos EUA no American Depositary Receipt Program patrocinado, de nível 1. Para mais informação, visite o website da Ipsen: www.ipsen.com.
A Ipsen Portugal está sediada em Algés. Em Portugal, a Ipsen dispõe de um sólido portfólio em oncologia (rim, próstata, tumores neuroendócrinos, CCRa, CHC e CDT), doenças raras (acromegália, colestase intra-hepática familiar progressiva (PFIC) e distúrbios do crescimento) e neurociências (distúrbios do movimento). Para mais informação, visite o website da Ipsen: https://www.ipsen.com/spain/
Referências
1. Motzer R, et al. (15 de fevereiro de 2025). plus cabozantinib N Ç vs sunitinib S- for previously untreated advanced renal cell carcinoma(): Final follow-up results from the CheckMate 9ER trial. [Resumo oral: Abstract #439]. American Society of Clinical Oncology (ASCO). 2025 ASCO Genitourinary Cancers Symposium, San Francisco, EE.UU. https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/242133
2. Motzer R, et al. Nivolumab + cabozantinib (NIVO+CABO) vs sunitinib (SUN) as first-line therapy for advanced renal cell carcinoma (aRCC): extended follow-up and outcomes in the sarcomatoid subgroup of CheckMate – 9ER. J Clin Oncol. 2021 Mar 2;39(6): Suppl. Disponível em: https://ascopubs.org/doi/10.1200/JCO.2021.39.6_suppl.308. Último acesso: junho de 2025.
3. Cella D, et al. Patient-reported outcomes with first-line nivolumab plus cabozantinib versus sunitinib in patients with advanced renal cell carcinoma treated in CheckMate 9ER: an open-label, randomised, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2022 Feb;23(2):292-303. doi: 10.1016/S1470-2045(21)00693-8.
4. Choueiri TK, et al. Nivolumab plus Cabozantinib versus Sunitinib for Advanced Renal-Cell Carcinoma. N Engl J Med. 2021 Mar 4;384(9):829-841. doi: 10.1056/NEJMoa2026982.
5. Brose MS, et al., Cabozantinib for radioiodine-refractory differentiated thyroid cancer (COSMIC-311): a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet Oncology. Aug;22(8):1126-1138. doi: 10.1016/S1470-2045(21)00332-6.
6. Global Cancer Observatory (Globocan). Kidney Fact Sheet 2022. Disponível em: https://gco.iarc.who.int/media/globocan/factsheets/cancers/29-kidney-fact-sheet.pdf. Último acesso: junho de 2025.
7. Mayo Clinic. Kidney Cancer. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/kidney- cancer/symptoms-causes/syc-20352664. Último acesso: junho de 2025.
8. Agência Europeia de Medicamentos (EMA). Cabometyx® (cabozantinib). Resumo das caraterísticas do medicamento. Disponível em: https://www.ema.europa.eu/pt/documents/product-information/cabometyx-epar-product-information_pt.pdf. Último acesso: junho de 2025.
9. American Cancer Society. Survival rates for kidney cancer. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/kidney-cancer/detection-diagnosis-staging/survival-rates.html. Último acesso: junho de 2025.
10. Orlin I, et al. Renal cell carcinomas epidemiology in the era of widespread imaging. J Clin Oncol. 2019 May 26;37(15): Suppl. Disponível em: https://doi.org/10.1200/JCO.2019.37.15_suppl.e13083. Último acesso: junho de 2025.
11. Global Cancer Observatory (Globocan): International Agency for Research on Cancer – Cancer Today. Age- Standardized Rate (World) per 100 000, Incidence, Both sexes, in 2022. Disponível em: https://gco.iarc.fr/today/en/dataviz/bars?mode=cancer&group_populations=1. Último acesso: junho de 2025.
12. Agarwal N, et al. Cabozantinib in combination with atezolizumab in patients with metastatic castration- resistant prostate cancer: results from an expansion cohort of a multicentre, open-label, phase 1b trial (COSMIC-021). Lancet Oncol. 2022 Jul;23(7):899-909. doi: 10.1016/S1470-2045(22)00278-9.
13. American Cancer Society. Thyroid Cancer: Introduction. Disponível em: https://www.cancer.net/cancer-types/thyroid-cancer/introduction. Último acesso: junho de 2025.
14. Chen D, et al. Innovative analysis of distant metastasis in differentiated thyroid cancer. Oncol Lett. 2020 Mar;19(3):1985-1992. doi: 10.3892/ol.2020.11304.
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17. Capdevila J, et al. LBA67 Cabozantinib versus placebo in patients with radioiodine-refractory differentiated thyroid cancer who have progressed after prior VEGFR-targeted therapy: Updated results from the phase III COSMIC-311 trial and prespecified subgroup analyses by prior therapy. ESMO Annals of Oncology. 2021 Sep;32(5): Suppl. Disponível em: https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)04452-5/fulltext. Último acesso: junho de 2025.
18. El-Khoueiry AB, et al. Cabozantinib: An evolving therapy for hepatocellular carcinoma. Cancer Treat Rev. 2021 Jul;98:102221. doi: 10.1016/j.ctrv.2021.102221.
19. Yakes FM, et al. Cabozantinib (XL184), a novel MET and VEGFR2 inhibitor, simultaneously suppresses metastasis, angiogenesis, and tumor growth. Mol Cancer Ther. 2011 Dec;10(12):2298-308. doi: 10.1158/1535-7163.MCT-11-0264.
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