Atualidades de Saúde

6 de maio | Dia Mundial da Asma
Estudo EPI-ASTHMA revela maior prevalência de Asma nas mulheres em comparação com os homens(1)
O Estudo Epi-Asthma, um estudo observacional e nacional realizado em colaboração com 38 unidades de Cuidados de Saúde Primários, apresenta novos dados que apontam para uma maior prevalência de asma em mulheres (7,6%) do que em homens (6,6%).(1) Estes dados, publicados recentemente na revista Pulmonology, estimam que aproximadamente 700.000 adultos em Portugal Continental vivem com asma.(1) “A metodologia robusta de inquérito de base populacional utilizada no estudo confere uma forte robustez e representatividade aos resultados obtidos”, salienta Jaime Correia de Sousa, um dos investigadores principais do ICVS, Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, do Estudo Epi-Asthma.
De acordo com este estudo, que conta com a colaboração do CINTESIS – uma Unidade de I&D da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do ICVS, com o apoio científico da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) e da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a asma continua a ser um problema de saúde relevante em Portugal, com uma prevalência na população adulta de 7,1% (IC 95% 6,3–8,0%).(1) Este valor corresponde a aproximadamente 700.000 adultos em Portugal Continental, dos quais, cerca de 7 em 10 doentes adultos não tem a sua doença controlada.(1)
“Embora o estudo não detalhe exaustivamente as causas subjacentes, podemos depreender que esta prevalência é resultado da complexa interação entre fatores familiares e genéticos que desempenham um papel importante; a exposição ambiental a alergénios comuns (ácaros, pólen, animais) e poluentes do ar (tráfego, indústria, tabaco, qualidade do ar interior); fatores ligados ao estilo de vida, como a dieta, obesidade e atividade física; determinantes sociais, que sabemos poderem estar associados a exposição a riscos relacionados com a literacia, rendimento familiar, tipo de atividade laboral, qualidade da habitação, acesso a cuidados de saúde, etc.”, explica o investigador do Estudo Epi-Asthma.
No que diz respeito à asma grave, a prevalência em Portugal na população adulta é de cerca de 3% das pessoas com asma,(2) de acordo com as orientações GINA.
A Presidente da Associação de Doentes com Asma Grave, Ana de Carvalho Gonçalves, refere que “existe um elevado número de pessoas com a doença por diagnosticar, que vivem com sintomas graves e, muitas vezes, debilitantes e que transtornam o seu dia a dia sem ter sido identificada a causa, o que impossibilita um tratamento adequado e uma melhoria da qualidade de vida”.
A prevalência de asma grave varia significativamente consoante as guidelines utilizadas para a sua definição, oscilando entre 0,6% (NICE 2018) e 8,8% (GEMA 2024),(3,4) correspondendo a cerca de 2400 a 44.000 adultos com asma grave, refletindo diferenças nos critérios de diagnóstico.(3) Esta variação implica que a prevalência real da doença poderá ser superior à estimada pela GINA e sublinha a necessidade de uma padronização da definição de asma grave, uma vez que diferentes guidelines identificam grupos distintos de doentes.(4)
Para tornar este dado mais preciso, o investigador indica que “seria necessário desenvolver e implementar uma definição consensual que seja consistente e adaptada à realidade clínica atual. De qualquer modo é possível continuar a melhorar os dados nacionais através do Registo de Asma Grave Portugal (RAG, disponível em asmagrave.pt), contribuindo para a melhoria contínua do acompanhamento das pessoas com asma grave em Portugal.”(1)
Os dados, agora divulgados, apontam que a prevalência se manteve estável em comparação com os valores do Inquérito Nacional de Asma de 2010 (6,8%), sugerindo uma estabilidade na última década.(1) A distribuição da asma por idade releva uma maior prevalência em adultos jovens (18-49 anos) e idosos (≥65 anos).(1)
Este estudo identificou também fatores clínicos e sociodemográficos chave que podem apoiar na suspeita clínica de asma, por parte dos médicos, e auxiliar a identificação de casos não diagnosticados. Indivíduos com histórico familiar de asma têm cerca de 1,61 vezes mais probabilidade de desenvolver a doença em comparação com aqueles sem histórico familiar.(1) A presença de sintomas nasais e oculares é um forte indicador, embora não exclusivo, da presença de asma.(1) A prescrição de inaladores, no último ano, e a realização de testes para detetar alergias podem reforçar a suspeita clínica da doença e ajudar a identificar casos ainda não diagnosticados. Por outro lado, um nível de escolaridade superior a 12 anos mostrou-se associado a um risco diminuído de asma, validado por fatores socioeconómicos, um melhor acesso à informação em saúde ou outros determinantes sociais da saúde.(1)
O estudo contribuiu ainda com a validação da ferramenta A2 Score utilizada para o rastreio de asma em cuidados primários, podendo facilitar a identificação de casos não diagnosticados. “O score A2 é uma ferramenta de identificação de casos, simples e facilmente autoadministrada, constituída por oito questões, que demonstrou um bom poder discriminativo numa grande população de cuidados primários em Portugal”, afirma Jaime Correia de Sousa.
“Neste estudo de validação, o score A2 mostrou uma boa precisão diagnóstica para ser utilizado em estudos epidemiológicos, avaliando a prevalência da asma, bem como uma ferramenta de rastreio em ambientes clínicos, para identificar indivíduos que beneficiariam de uma investigação mais aprofundada.(1) São necessários estudos futuros para validar esta pontuação em diferentes cenários e países e para adaptar o questionário para utilização noutras línguas e contextos culturais”, explica.
Os resultados deste estudo são cruciais para a saúde pública em Portugal, uma vez que fornecem dados epidemiológicos atualizados e relevantes para o planeamento de políticas de saúde, alocação de recursos e estratégias de gestão da asma em Portugal. Comparativamente com outros países europeus, a prevalência de asma em Portugal é considerada moderada. A estabilidade epidemiológica, juntamente com sua posição intermediária dentro da Europa e do mundo, destaca a importância de direcionar intervenções preventivas e continuar os esforços para um diagnóstico precoce e preciso.(1)
O estudo estabeleceu “uma base epidemiológica importante para futuras investigações sobre a asma em Portugal, permitindo a análise de fatores de risco e o desenvolvimento de estratégias de intervenção mais eficazes”, remata Jaime Correia de Sousa.
Ana de Carvalho Gonçalves considera que “existe um longo caminho a percorrer no que diz respeito à informação e divulgação da Asma Grave junto da população em geral, de modo a possibilitar um maior conhecimento da doença e melhor identificação dos sintomas, mas também junto da comunidade médica”, onde é necessário “uniformizar critérios, valorizar e reconhecer sintomas, e melhorar o encaminhamento para especialidades e o acesso a tratamentos”.
Para assinalar também este dia é anunciado o lançamento do Mudar de Ares, um novo podcast, que estreia a 15 de maio, dedicado à Asma Grave, uma iniciativa da Associação Asma Grave e da AstraZeneca. A série — com periodicidade quinzenal —, estará disponível através do Spotify e YouTube, e pretende descomplicar a doença e dar visibilidade à experiência de quem vive com ela, aliando testemunhos reais de doentes, à análise clínica de médicos especialistas nesta área.
Sobre o Estudo Epi-Asthma
O Epi-Asthma é um estudo observacional nacional, que teve início em 2021 e decorreu até 2024, e foi realizado em colaboração com 38 unidades de Cuidados de Saúde Primários, para determinar a prevalência e caracterização das pessoas com asma, de acordo com a gravidade da doença na população adulta (>18 anos), em Portugal Continental. O Estudo foi uma iniciativa da AstraZeneca com a colaboração do CINTESIS e do Life and Health Sciences Research Institute (ICVS) – uma Unidade de I&D incorporada na Escola de Medicina da Universidade do Minho, e com o apoio científico da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) e da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).(1)
Sobre a AstraZeneca
A AstraZeneca é uma companhia biofarmacêutica global orientada para a inovação, focada na investigação, no desenvolvimento e na comercialização de medicamentos de prescrição médica nas áreas de Oncologia, Doenças Raras e Biofarmacêutica, incluindo Cardiovascular, Renal e Metabólica e Respiratória e Imunológica. Opera em mais de 100 países e os seus medicamentos inovadores são utilizados por milhões de pessoas a nível mundial. Para mais informações e conhecer as oportunidades na AstraZeneca Portugal visite www.astrazeneca.com e www.astrazeneca.pt
Abreviaturas
IC: Intervalo de confiança I&D: Investigação e Desenvolvimento
Referências
1. Brito D, et al. Prevalence of asthma in Portuguese adults – the EPI-ASTHMA study, a nationwide population-based survey. Pulmonology. 2025;31(1):2466920;
2. Pereira AM, et al. EPI-ASTHMA Study – Uncontrolled, difficult-to-treat, and severe asthma prevalence considering different definitions and/or implementations. E-Poster presented at World Allergy Congress (WAC) 2024.
3. Pereira AM, et al. EPI-ASTHMA Study – Severe asthma prevalence considering a comprehensive set of definitions and/or implementations. Abstract presented at Iberian Congress of Allergology 2025.
4. Pereira AM, et al. EPI-ASTHMA Study – Severe asthma prevalence considering a comprehensive set of definitions and/or implementations. E-Poster presented at Iberian Congress of Allergology 2025