Atualidades de Saúde

Estudo revela desinteresse pela liderança entre jovem geração da saúde

  • Falta de reconhecimento afasta nova geração dos cargos de chefia
  • Quase metade dos inquiridos sem cargos de chefia não ambiciona chegar à liderança
  • Há menos mulheres do que homens a quererem liderar
  • 75% de todos os inquiridos consideram que a parentalidade tem maior impacto na carreira das mulheres

A nova geração de profissionais que trabalham no setor da saúde mostra-se pouco motivada para assumir cargos de liderança, com cerca de metade a afirmar que não deseja alcançar posições de chefia nas organizações.

O Movimento LIFE divulga os resultados do estudo “O que estamos a fazer para assegurar lideranças no futuro?”, feito com base em inquéritos a 500 profissionais até aos 40 anos que trabalham no setor da saúde em Portugal, tanto a nível público como privado.

O estudo mostra que 45% dos inquiridos sem posições de chefia não desejam exercer cargos de liderança. Entre as mulheres, apenas 32% das que ainda não lideram gostariam de vir a liderar, comparado com 50% dos homens.

Para os que rejeitam a liderança, as razões são claras: excesso de responsabilidade sabendo de antemão que a capacidade de resposta pode ser limitada; demasiado stress; e preferência por trabalho individual, sem responsabilidade de coordenação de outras pessoas.

O que teria, então, de estar garantido para que esta jovem geração da saúde considerasse um lugar de liderança?

Maior compensação/benefícios financeiros, recursos humanos/materiais adequados e “ser menos stressante” são as respostas mais frequentes.

Mais de 60% de todos os inquiridos acreditam que há cada vez menos pessoas dispostas a liderar. As razões apontadas são, sobretudo, exigência do cargo e responsabilidade, remuneração desadequada face às responsabilidades e, genericamente, falta de motivação.

Outro fator crítico evidenciado pelo estudo é a falta de preparação formal para a liderança. Apenas 14% dos profissionais que ocupam cargos de chefia afirmam ter um plano ou estratégia para formar novos líderes.

A maioria dos que hoje lideram fê-lo através de experiência acumulada e formação técnica, muitas vezes sem ferramentas de gestão de pessoas ou desenvolvimento organizacional.

Os mais jovens que ambicionam liderar procuram preparar-se sobretudo com formação em ‘soft skills’, como gestão de conflitos, inteligência emocional e comunicação assertiva – áreas que sentem faltar nos seus contextos atuais.

Este estudo também confirma que a perceção sobre a liderança continua marcada pela desigualdade de género. São 75% os inquiridos a considerar que a parentalidade tem maior impacto na carreira das mulheres, sobretudo porque as responsabilidades parentais ainda recaem muito sobre as mulheres.

As mulheres percecionam mais obstáculos, com 88% a considerarem que ser mãe tem impacto no acesso à liderança.

Esta realidade contribui para um círculo vicioso: menos mulheres em cargos de decisão, menos modelos de referência, menos inspiração para liderar.

O Movimento LIFE considera estes dados um sinal de alarme. “Se a próxima geração rejeita liderar, que futuro teremos?”, questiona uma das fundadoras, Cláudia Ricardo.

“Precisamos de reinventar o modelo de liderança na saúde – um modelo que valorize as pessoas, equilibre a responsabilidade com o reconhecimento e promova a diversidade como motor de inovação e justiça”.

Este estudo é parte integrante da missão do Movimento LIFE: dar visibilidade às barreiras invisíveis que condicionam a progressão profissional das mulheres e propor soluções concretas para um setor da saúde mais justo, motivador e sustentável.

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