Atualidades de Saúde
Novo manual para profissionais de saúde deita por terra tabus e orienta contraceção na adolescência
- Especialistas reconhecem desafios no trabalho com adolescentes, que exige uma abordagem diferente.
Lisboa, 10 de novembro de 2025 – A Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC) prepara-se para lançar um novo manual especializado que promete ser uma ferramenta essencial para profissionais de saúde que trabalham com adolescentes. O livro “Adolescentes e Contraceção”, da autoria da Sociedade Portuguesa da Contracepção e colaboradores, que conta com o apoio da Gedeon Richter é, explica Fátima Palma, ginecologista e obstetra na Maternidade Alfredo da Costa, e ex-presidente da SPDC, “um instrumento de trabalho que acreditamos que vai ser muito útil para todas as pessoas que trabalham com adolescentes na área da saúde sexual e reprodutiva, principalmente com adolescentes”.
“A idade por si só (adolescentes) não é contraindicação para o uso de nenhum método contracetivo, mas ainda persistem mitos e receios em relação aos métodos contracetivos principalmente os hormonais e especialmente nas adolescentes. Alguns destes mitos e receios são abordados nesta publicação e também a sua explicação. Os adolescentes são um grupo prioritário no âmbito da saúde sexual e reprodutiva por isso este manual também aborda as infeções de transmissão sexual e algumas outras questões prementes na adolescência tais como: as perturbações do comportamento alimentar, a síndrome do ovário poliquístico, as perturbações do desenvolvimento físico ou intelectual, por exemplo.
Uma das mais-valias do manual é a abordagem de situações particulares que os profissionais de saúde enfrentam no seu dia-a-dia. O livro dedica capítulos específicos a adolescentes com perturbações do comportamento alimentar, como anorexia nervosa e bulimia, jovens com síndrome de ovário poliquístico, e adolescentes com perturbações do desenvolvimento físico ou intelectual. Os técnicos, os médicos e os enfermeiros, nos centros de saúde ou nos hospitais, que trabalham com estas adolescentes, têm, assim, um manual de fácil consulta, e que lhes permite, em pouco tempo, identificar quais as melhores opções”, sublinha Fátima Palma.
“Também são abordadas algumas questões no âmbito da legislação que podem ser uma ajuda quando se trabalha com adolescentes: marcar consulta de planeamento, autorização parental, fornecimento de métodos contracetivos.”
Este novo manual, que representa um importante passo para uniformizar práticas e melhorar a qualidade dos cuidados prestados aos adolescentes em matéria de saúde sexual e reprodutiva em todo o País, permite que haja “uma uniformidade nos critérios e que as pessoas possam sentir-se mais confortáveis e possam prestar o melhor serviço aos adolescentes que os procuram”. Esta era já uma ambição antiga, resultado de “uma falha que identificamos” e que estava na altura de ser colmatada, uma vez que, de acordo com a especialista, a contraceção na adolescência tem particularidades que importa abordar.
No que diz respeito ao reforço da informação neste grupo, Fátima Palma reconhece que “existe um déficit na literacia em saúde e isso é algo transversal a todos os grupos etários”. No caso específico dos adolescentes, o desafio é ainda maior porque, “preferencialmente, consultam ou obtêm informação através dos amigos e da Internet, que nem sempre são a fonte mais fidedigna”.
Apesar dos bons indicadores, Portugal tem “uma taxa de utilização de contraceção na adolescência superior à da média europeia”, a especialista considera, terminado que “ainda temos muito trabalho pela frente para aumentar a literacia em saúde sexual e reprodutiva”.
