Atualidades de Saúde

Da esquerda para a direita: Dra. Ana Sofia Lopes (Autora do livro “António Gentil Martins: uma vida, muitas vidas”), Dra. Margarida Balseiro Lopes Ministra da Juventude e Modernização), Dra. Vanda Pratas Vital (Especialista em Cirurgia Pediátrica) e Dr. Renato Epifânio (Presidente do MIL – Movimento Internacional Lusófono)

Dra. Ana Sofia Lopes (Autora do livro “António Gentil Martins: uma vida, muitas vidas”

Professor António Gentil Martins: um legado de inspiração, um exemplo para gerações

Livro sobre a vida de médico e cirurgião pediátrico presta tributo à sua carreira. Obra do próprio Gentil Martins revela conhecimento e inovação contínua. O reconhecimento do seu trabalho é universal.

Lisboa, 23 de abril – O Professor Gentil Martins, uma inspiração para várias gerações de profissionais de saúde, foi esta quarta-feira homenageado como uma das pessoas mais inspiradoras para várias gerações de médicos e o exemplo do seu trabalho reconhecido por todos os quadrantes da sociedade portuguesa.

A homenagem, no Grémio Literário, em Lisboa, revestiu-se na apresentação de dois livros que mostram o notável percurso do especialista em cirurgia pediátrica, oncologia pediátrica e cirurgia plástica e reconstrutiva e também a sua dedicação ao trabalho, à medicina e à causa pública do médico.

A primeira obra, “António Gentil Martins: uma vida, muitas vidas”, da autoria de Ana Sofia Lopes, foi apresentada pela Ministra da Juventude e Modernização, que destacou a “dedicação exemplar ao bem comum” e “promoção do diálogo e construção de pontes” de Gentil Martins.

Margarida Balseiro Lopes referiu que apenas no título do livro “vemos retratada a riqueza humana, profissional e cívica de alguém que dedicou toda a sua vida a ajudar os outros” e salientou que que a obra capta “a essência de um homem que viveu e vive de acordo com valores elevados: a dedicação, a integridade, a coragem e o sentido de responsabilidade. Valores que sempre pautaram as suas ações e decisões”.

“É esta força interior, esta determinação perante os desafios que faz de António Gentil Martins uma figura incontornável da sociedade portuguesa”, lembra Margarida Balseiro Lopes, para quem, ao destacar o professor, “não estamos apenas a honrar o seu percurso extraordinário, estamos também a transmitir às novas gerações, como é intenção da autora, uma mensagem importante sobre o tipo de cidadãos e profissionais que podem e devem aspirar a ser”. “O livro mostra-nos que é possível construir uma vida com sentido, baseada no esforço diário, no estudo, no empenho e na dedicação a algo que acreditamos valer a pena”, disse Margarida Balseiro Lopes, para salientar que a “literacia cívica se constrói com exemplos e não apenas com discursos, com teorias ou com normas” e que os “jovens aprendem com pessoas reais, com vidas concretas, com pessoas que pelo seu percurso mostram que vale a pena ter princípios, assumir responsabilidades e contribuir para o bem comum”.

Por seu lado, a autora de “António Gentil Martins: uma vida, muitas vidas” defendeu que a obra “é um ato de gratidão e uma convocação à consciência. Que há vidas que não se contam, impõem-se. Vidas escritas com coragem, com clareza de missão, com sentido de dever”. Para Ana Sofia Lopes, o “nome António Gentil Martins não pertence apenas à história da medicina, pertence à consciência coletiva de uma nação, que ao reconhecê-lo se encontra com o que tem de melhor”, pelo que o livro “nasceu de um desejo claro, escrever aos jovens sobre a cidadania” mas sem querer “transmitir conceitos abstratos”, antes “falar de vidas concretas, sobre forças dos exemplos, sobre a força dos exemplos que temos”.

A médica dentista diz que o “livro fala a todos, mas é aos jovens que lança o apelo mais urgente (…) É neles que reside a esperança e é neles que se exige mais. Porque é possível viver com os valores corretos, é possível recusar atalhos e ruídos. É possível ser inteiro num mundo que tantas vezes vive pela metade. É possível ser justo, mesmo quando custa. Mesmo quando ninguém vê. Mesmo quando o silêncio é a única testemunha”. Para a autora, o “livro não pede perfeição, pede coragem. E lembra com firmeza: a integridade ainda é, e será sempre, a forma mais alta de liberdade”.

O livro de Ana Sofia Lopes, autora de várias obras infantis com intuito filantrópico, defensora da saúde oral e empenhada em múltiplas causas de cidadania, é uma obra dedicada ao humanismo de uma pessoa singular, pioneira e comprometida em absoluto com a ciência e a dignidade. As receitas everterão para a CAVITOP – Centro de Apoio a Vítimas Tortura Portugal, uma IPSS que tem como principal objetivo, através da sua rede de voluntários, apoiar as vítimas de tortura, ideológica ou política.

Coube a Rita Gentil Martins, para quem o pai é “um grande médico” que sempre “lutou por aquilo em que acredita”, falar no papel da mãe muito importante e impactante nas suas vidas. Perderam-na há menos de um ano e com alguma emoção, deu também, um impulso ao papel da mulher na sociedade.

O livro “The treatment of Hypospadias”, da autoria do próprio Professor António Gentil Martins, também editado pelo Movimento Internacional Lusófono (MIL), foi apresentado pela Dra. Vanda Pratas Vital, que teve oportunidade de enaltecer um médico com uma “incansável vontade de ensinar e partilhar conhecimento” que fez dele “uma referência incontornável, não só da medicina portuguesa, mas também uma referência a nível mundial”.

O seu novo livro, “sempre controverso, perante as vezes frustrante, algumas vezes inovador, mas sempre, sempre fascinante” é “uma leitura indispensável para quem aprecia este tema” e o lugar de Gentil Martins “permanecerá sempre como uma grande inspiração para todos nós”, sentenciou a especialista em Cirurgia Pediátrica.

Aos 94 anos, e apesar de um acidente o ter impedido de marcar presença física, Gentil Martins participou de forma remota na sessão para partilhar as suas reflexões em torno destas duas obras, da sua vivência e daquilo que o inspira a continuar a trabalhar. O professor começou por lembrar que o livro “The treatment of Hypospadias” nasce de um trabalho “que achava que estava bom, mas era grande demais. Mandei para várias revistas que me diziam assim: com tantas palavras. Só para um livro”.

“E de repente veio-me um milagre. Foi aparecer a Ana Sofia Lopes e o Renato Epifânio, que se disponibilizaram para publicar este livro. E a verdade é que se não fossem eles, este livro não sairia”, recordou o médico. “E assim, eu espero que eu possa servir para alguma coisa, porque tentei comparar as minhas técnicas, aquilo que usava na minha prática diária com aquilo que internacionalmente eram os métodos mais respeitados, mais considerados”.

Gentil Martins lembrou que “de facto, acho ser fundamental nós, em Medicina, sobretudo, temos vocação” e que escreveu “em tempos que não era legítimo só ter boas notas para entrar em Medicina. E até saiu um livro que diz ser bom aluno não chega. De facto, eu acho que não chega. Ou nós temos vocação e estamos dispostos a um certo sacrifício pelos outros. Ou então, de facto, é melhor escolhermos outra profissão”.

“Fiz a minha carreira, trabalhando sempre e sobretudo, respeitando uma coisa, por exemplo, que o meu avô me dizia: nunca vais para a primeira fila, porque, quando muito, nunca te mandam para trás. Vai sempre para trás e depois manda-te para a frente. E eu realmente acho que foi uma boa prática que ele me ensinou e que me orientou muito tempo”, referiu o especialista em cirurgia pediátrica, oncologia pediátrica e cirurgia plástica e reconstrutiva antes de deixar um agradecimento a todos os presentes na homenagem.

A sessão foi um momento especial de celebração e homenagem Gentil Martins, que nas palavras de Renato Epifânio, do MIL, é “uma grande referência no plano cívico”, com uma “carreira extraordinária” construída com “humildade, convicção e coragem”.

Sobre o MIL: Movimento Internacional Lusófono
O MIL é um movimento cultural e cívico que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Defende o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono a nível cultural, social, económico e político e a criação de uma comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade. https://movimentolusofono.wordpress.com/

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